Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 29 de maio de 2011

Rapidinhas


Delícias de Rio de Contas
   A Ponte do Coronel é um conjunto de 13 piscinas naturais formadas pelo Rio Brumadinho, que passa por baixo da ponte que lhe dá nome (foto). É um dos recantos mais procurados pela população local e por turistas para banhos nos finais de semana. Suas águas frias são revigorantes e sempre se pode combinar um banho com uma cerveja gelada, comprada nos dois pequenos bares que fazem parte do balneário, ou com um churrasco preparado nas várias churrasqueiras dispostas para os visitantes.
     Vale a pena visitar.
Abraço ao Rio Verruga
   Um movimento surgido na nova Faculdade de Arquitetura da Fainor, em Vitória da Conquista, promoverá no próximo dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Abraço ao Rio Verruga, manifestação que reivindicará às autoridades estaduais e municipais, um projeto de despoluição desse que é o único curso d'água daquela cidade e que se encontra entre os mais poluídos do Brasil.
     A manifestação festiva, partirá da porta da Fainor, na Avenida Luis Eduardo Magalhães, às 9,00 horas da manhã e descerá a avenida até a ponte que cruza o rio (ponte que atualmente está interditada para obras), onde será realizado o abraço simbólico a este que já foi um rio de águas cristalinas que banhava o vale onde se ergueu a cidade.
     Se você mora em Conquista, venha participar e traga sua família, como forma de demonstrar o amor pela sua cidade e pela natureza. Se você mora em outro lugar manifeste-se à favor da despoluição do Rio Verruga enviando e-mails para a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista (www.camaravc.com.br) e para a Empresa Baiana de Saneamento (www.embasa.ba.gov.br) solicitando um projeto de despoluição do rio, que o transforme em local de lazer e saúde para os habitantes desta bonita cidade do Sudoeste Baiano.
     Vale o exemplo para outras cidades brasileiras, para que também abracem seus rios poluídos, recuperando-os para uso de suas populações.

Barcelona Campeão

     O time espanhol, de Messi e Daniel Alves, deu um show na final da copa da UEFA, vencendo o Manchester United por 3 x 1.
     Vai ser difícil para qualquer time brasileiro enfrentá-lo em Tóquio. Quem sabe o Santos chega lá e nos permite assistir ao esperado duelo Messi x Neymar.

Material radioativo nas estradas
     Muito preocupante a notícia que a Tribuna do Sertão, de Brumado, traz sobre a confusão sobre as carretas com urânio detidas em Guanambi. A população de Caetité impediu que nove carretas carregadas com o chamado Yellow Cake, o concentrado de urânio que é usado para produzir combustível para as usinas nucleares, entrasse na cidade, alegando que se tratava de lixo radiotivo. Com isso, o carregamento voltou pela rodovia e ficou estocado em Guanambi, no batalhão da Polícia Militar, enquanto o impasse não se resolvia.
     A INB esclareceu que não se tratava de lixo, mas de uma carga complementar do concentrado, emprestada pela Marinha do Brasil e que se juntaria ao material igual, produzido pela empresa em Caetité para ser exportado para a Europa, onde será enriquecido.
     O carregamento partiu de Iperó, em São Paulo e veio por rodovia, em comboio cercado de sigilo e protegido pela Polícia Rodoviária Federal, mas foi identificado pelo movimento ambientalista Green Peace, que criou toda a confusão na entrada de Caetité, fazendo com que tivesse que retornar a Guanambi.
     Não me parece que um carregamento de material tão perigoso deva ser feito por rodovias tão inseguras como as nossas. O mais certo é que viesse pela ferrovia existente. Mesmo assim, o Green Peace agiu irresponsavelmente, expondo a população ao perigo, já que algumas pessoas da comunidade queriam abrir o carregamento para verificar se se tratava de lixo radioativo.
     Engraçado esse Green Peace, já repararam como ele só age fora dos Estados Unidos? Quando houve o desastre ambiental na plataforma do Golfo do México, não se ouviu falar deles.
     


A indignação necessária

As grandes manifestações por democracia surgidas na Tunísia e no Egito, atravessaram o mar mediterrâneo e chegaram à Espanha, resultando na ocupação de mais de 150 praças no país, por jovens que se auto-intitulam os indignados. Eles rejeitam a intervenção do FMI na crise econômica européia, com suas velhas fórmulas de cortes nos gastos sociais e nos direitos trabalhistas, favorecendo o capital para que este tenha mais dinheiro para investir e relançar um capitalismo cada vez mais desgastado pelas crises sucessivas.
Os indignados dizem que o mercado sequestrou a democracia e que estão cansados deste modelo antigo de economia, pedindo uma democracia mais profunda, mais autêntica, onde a população tenha maior controle sobre a economia, não ficando refém das aventuras empresariais de uma minoria.
O movimento já se refletiu na França, onde surgiu um movimento intitulado Chamado do 21 de abril, em referência à necessidade de participação dos jovens nas eleições que se aproximam, evitando a repetição das eleições anteriores, onde dois candidatos de direita se enfrentaram num dia 21 de abril, deixando a maioria da população sem alternativa política.
Esse movimento pró-aprofundamento da democracia, com forte componente ambiental, busca a construção de um novo modelo de economia política, onde as grandes decisões sejam tomadas pela maioria em benefício de um futuro comum. Tudo a ver com o slogan dos Fóruns Sociais Mundias: Um outro mundo é possível. 
No Brasil também percebemos o mesmo desgaste das fórmulas tradicionais de fazer política. Hoje temos duas alternativas: o capitalismo para todos do PT e sua grande base aliada e o velho capitalismo para poucos do PSDB e do DEM. Todos dois nos levam em direção ao desastre ambiental e à uma sociedade cada vez mais violenta.
Nossas cidades estão se tornando um pesadelo. O progresso dos anos positivistas as transformaram em lugares onde imperam o crime e o crescimento desordenado, filho da especulação imobiliária. 50 anos depois de Brasília, ainda almejamos crescer, crescer, crescer, como se fossemos pequenos, como se o Brasil precisasse demonstrar alguma coisa ao mundo para viver.
A imagem do Brasil no exterior, o que pensam da gente lá fora... não passam de um complexo de inferioridade das nossas velhas classes dominantes, que os velhos conglomerados de TVs repetem sem cessar, repercutindo na inconsciência dos mais novos todas as frustrações dos mais antigos.
Enquanto isso nosso interior continua atrasado, a natureza continua sendo derrubada, destruída pela força do progresso. O que o Brasil tem de melhor, a sua natureza fantástica, continua sendo olhado com desprezo, agora com uma consciência ecológica forçada pelas circunstâncias mas que não passa de formalidade obrigatória para nos inserir no rol das nações ditas civilizadas.
A praga positivista ainda nos assola, impedindo a objetividade, que ficou prisioneira da nostalgia de um interior que não existe mais, dos pássaros que vão desaparecendo, do ar puro e dos rios que vão sendo rapidamente contaminados pelo agronegócio.
Onde está o Brasil que olhe para si mesmo sem se comparar com outros povos? Que se aceite na sua gigantesca diversidade, que valorize a sua paz, ao invés de querer fazer parte do Conselho de Insegurança da ONU? 
Onde está nossa coragem de nos sabermos uma civilização diferente, tropical, sensual, musical, que pode muito bem viver sem engarrafamentos inúteis, sem uma produtividade que destrói muito mais do que produz, sem uma acumulação que só reafirma nossas piores tradições coloniais de privilégios e infelicidades?
São Paulo nunca será uma Nova Iorque, graças à Deus. O Rio nunca será uma Paris, ainda bem. Brasília nunca será a capital do mundo: que alívio!
Talvez seja a hora de também dizermos não a essas políticas sem saída, a esse consumismo que tudo polui e destrói, a esse empilhamento de riquezas inúteis, à essa necessidade de correr de um lado para o outro, como se estivéssemos construindo alguma coisa que não seja apenas a nossa própria ruína, à tanta competição e dizermos sim a mais cooperação, mais segurança para a vida do cidadão comum. 
Vamos apenas viver bem, distribuir entre nós nossa imensa riqueza e esquecer de tentar repetir a história insensata que outros povos já percorreram, antes que seja tarde.
Que a ecologia e uma nova democracia triunfem, que as grandes cidades diminuam e as pequenas aumentem, distribuindo melhor a população, para que possamos ir até esquina sem medo. Que a justiça seja rápida, embora saiba perdoar. Que nossas prisões se transformem em escolas do bem e o exército sirva para defender nossa paz, além de ajudar o povo a ser feliz. Que nossa educação seja federalizada, se libertando da politicagem municipal. Que a ciência floresça nas nossas universidades para servir à humanidade.
Abaixo as ilusões de poder e glória! Viva a poesia e a alegria de viver!

domingo, 22 de maio de 2011

Delícias de Rio de Contas

A Pizzaria Orquídea da Chapada é um dos recantos mais agradáveis de Rio de Contas.
Situada numa antiga casa restaurada, no centro histórico, lá se pode comer uma pizza deliciosa, preparada pessoalmente por seu proprietário, Léo, tomar um bom vinho chileno ou uma cerveja gelada e desfrutar de um ambiente acolhedor e tranquilo, ao som de músicas calmas e de bom gosto.
     A restauração manteve as paredes dos antigos quartos da casa, que foram abertos com arcos, permitindo que as pessoas percebam como era o espaço antigo, enquanto desfrutam da boa comida e de um convívio sossegado.
     Vale a pena conferir.

Um poema para o córrego Verruga
     Para quem não sabe, o córrego Verruga é o único curso d'água que corta a cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Este pequeno rio, que outrora alimentava com suas águas cristalinas o vale onde se ergue hoje a terceira maior cidade da Bahia, se encontra totalmente poluído e em parte canalizado por baixo do centro da cidade, que parece que se esqueceu dele.
     Cláudia Souza é estudante de arquitetura e, como muitas outras pessoas de Conquista, gostaria de ver seu curso d'água recuperado e despoluído, alegrando a vida dos habitantes desta cidade que cresce.




Na Serra, a sina do Verruga

No alto da Serra
Lá estão:
O Córrego Verruga e o Cristo de Mário Cravo
E qual seria o mistério em questão?

Estaria o primeiro predestinado a morrer,
Demonstrando, assim, a apatia do cidadão?
Seguindo um curso d'água
A pedir perdão?
"Perdão, eles não sabem o que fazem"...

Ah, sabem!
Não é um povo sem instrução.
Alguns mal têm comida,
Mas outros têm até educação.
E não pode se contentar com isso, não!

Há de se querer mais:
Um córrego limpo,
Descanalizado,
A ser contemplado,
Admirado
Recuperado
São

Ele não pode ser mais um
a desembocar na extinção!

-- 
Claudinha Souza

A frase do mês


Na última semana beatificamos um papa, casamos um príncipe,
fizemos uma cruzada e
matamos um mouro.
                              Bem-vindos à Idade Média!

    




domingo, 15 de maio de 2011

Delícias de Rio de Contas

     Queridos leitores, apesar de todos os problemas Rio de Contas continua sendo um lugar delicioso. É sempre um prazer estar por lá, dormir sossegado, naquele friozinho gostoso e desfrutar da simpatia dos seus habitantes.
     Aliás, a educação do pessoal da cidade é um diferencial. Pode parecer bobagem, mas lá as pessoas ainda se respeitam e isso está se tornando cada vez mais raro no Brasil.
     Por isso resolvi iniciar uma série hoje, com as melhores coisas de Rio de Contas, não só os pontos turísticos mais conhecidos, mas as pequenas coisas que só se percebe aos poucos.
     Pra começar aí vai a foto da Cachoeira do Fraga, que agora está despoluída, cercada e limpa, com seu barzinho de apoio recuperado e sem aqueles horríveis sons de carro. Falta ainda uma escada com corrimãos, que dê maior segurança à descida, mas já houve um grande progresso.
     Esperamos que o atual Secretário dê continuidade ao trabalho iniciado de recuperar esses pontos de lazer que atraem tanta gente, principalmente nos feriados e finais de semana.
Natureza desprotegida

     Na Praia do Flamengo, em Salvador, um flagrante de como os animais que vivem soltos no meio urbano consguem se defender. No caminho da praia, uma cadela cavou uma toca onde pariu seus filhotes e onde a encontrei amamentando os dois bichinhos.
     Quando voltei com a máquina ela havia saído para procurar comida, mas rondava por perto, preocupada.
     Os pequenos cachorrinhos pareciam muito saudáveis e bem alimentados pela diligente mãe, que sem ter um dono a quem recorrer, fez sua própria caverna.
 
 
Em defesa do Rio Verruga
     Aproveitando a proximidade da semana do meio ambiente, divulgo aqui hoje  parte de uma carta do ambientalista Paulo Nunes, escrita em 2009, em defesa do Rio Verruga, pequeno curso d'água que corta a cidade de Vitória da Conquista, parcialmente canalizado e que depois emerge, já totalmente poluído.
     Como tantas cidades brasileiras, Conquista transformou seu pequeno rio em um esgoto, sem dar a menor atenção para o seu único curso d'água, tão importante na fundação da cidade e hoje esquecido e maltratado.
     Rio Verruga, um rio histórico de Vitória da Conquista, ganha movimento
MCMP - Movimento Contra a Morte Prematura 
     Em Vitória da Conquista, o Rio Verruga que nasce na Mata do Poço
Escuro, já nasce contaminado! Descendo rio abaixo, recebe outra
quantidade de esgotos livres, formando um enorme canal a céu aberto,
com lixo em abundancia na Av. Bartolomeu de Gusmão.
     Segue seu curso agonizante , contamina pequenos afluentes, córregos e
mananciais, desemboca no Rio Pardo em Itambé, destruindo toda vida
biológica, com uma grande quantidade de germes patogênicos, além de
produtos químicos.
     Em 1996 o Poço Escuro e a Serra do Peri Peri, “pais” do Rio Verruga,
foram Tombados como Patrimônio Ecológico, a pedido do Movimento Contra
a Morte Prematura - MCMP. Pelo visto, as autoridades ainda não
conscientizaram quanta a importância significativa deste Rio, servindo
aos Índios Mongoiós, que habitavam na margem direita do Verruga até
1782, quando foram massacrados pelos Bandeirantes, hoje Pça. Tancredo
Neves, onde queremos uma escavação arqueológica no local do massacre,
entre outras localidades, para registros históricos e esclarecimentos
óbvios.
     Diferente da década de 50, o Verruga, com água límpida e cristalina,
servia a 15 mil habitantes, abastecia uma Barragem com 5 metros de
profundidade que existia no Poço Escuro, tendo ainda uma diversidade
de pássaros, árvores e animais, até mesmo onça suçuarana, que bebia
água pura no Bebedouro da Onça, detrás da Serra, que até hoje abastece
a Lagoa da Pedra Branca, apenas com um pequeno filete de água, devido
a devastação da Serra.
     Na época, a água do Rio Verruga era um líquido insípido, inodoro e
incolor, hoje tem gosto, cheiro e cor, prejudicando e destruindo
espécies animais e vegetais, além de transmitir doenças para o homem.
     Na década de 40, seu curso era perfeitamente perceptível, mas, as
autoridades foram canalizando para debaixo da terra, mudando seu curso
e a beleza de sua existência. (...)
 
Até quando as autoridades municipais e estaduais vão continuar 
fechando os olhos para esta situação?
Não seria o caso da Câmara de Vereadores local tomar uma iniciativa, 
criando um programa para despoluir e recuperar esse rio tão importante 
para a cidade? 

domingo, 8 de maio de 2011

Rapidinhas


Os assassinatos da CIA

     Desculpem, amigos leitores, por essas fotos tão mórbidas, mas não pude deixar de relacionar as duas mortes, ocorridas com 44 anos de diferença.
     Che Guevara, em 1967, preso vivo e assassinado covardemente pelos "heróis" americanos, na Bolívia, e Bin laden, que já sabemos que foi preso vivo e assassinado na frente de sua pequena filha de 12 anos pelos mesmos "heróis", no Paquistão.
     Che era o líder de uma insurreição latino-americana contra os Estados Unidos e foi enterrado em lugar secreto para que seu túmulo não virasse objeto de peregrinações. Em 1997 os cubanos descoriram seu paradeiro e deram a ele a sepultura de herói que ele merecia.
     Bin Laden era o líder de uma organização terrorista que lutava contra os Estados Unidos e foi jogado ao mar, para evitar que no futuro seu túmulo fosse localizado e virasse um santuário.
     A diferença entre os dois é que Che era um autêntico revolucionário, enquanto Bin Laden era um terrorista que matava gente inocente, armado e treinado pelos próprios americanos, para lutar contra a invasão soviética no Afeganistão. Depois a criatura se voltou contra o criador.
     Os métodos continuam os mesmos. Comandos americanos invadem os países, promovem assassinatos de líderes e os matam sem julgamento nenhum (e a convenção de Genebra sobre prisioneiros de guerra, não vale nada?), na intenção de que os povos se esqueçam deles. Em vão.
     Quatro décadas depois de matarem Che, seu mito continua vivo e os países latino-americanos cada vez se distanciam mais dos Estados Unidos. O mesmo deve acontecer no Oriente Médio. Bin Laden vai virar um mártir e um mito e deve inspirar muita violência ainda contra os Estados Unidos.

A boa notícia da semana

     O Supremo Tribunal Federal acaba de reconhecer, por unanimidade, as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, no Brasil, acabando com a discriminação odiosa que impedia os casais homoafetivos de se constituirem numa família. 
     É a vitória dos direitos civis contra a intolerância das igrejas católica e evangélicas.
     Falta agora uma ação positiva do Congresso Nacional, desbloqueando as várias iniciativas de leis que dariam a cobertura necessária para que casais homossexuais desfrutem dos mesmo direitos dos outros cidadãos do país, detalhando esses direitos e também as obrigações decorrentes deles.

Rios aéreos
     
     As enchentes em Pernambuco e Alagoas vem apenas confirmar aquilo que estamos afirmando aqui há muito tempo: que o degelo dos pólos vai aumentar as chuvas em todo o planeta (como ocorreu comprovadamente em outras épocas de degelo) e que não haverão secas catastróficas, como previam aqueles que propunham a privatização da água. Ao contrário, está havendo um aumento considerável da água em circulação na atmosfera terrestre, criando verdadeiros rios aéreos, que captam a água em evaporação e a conduzem pelos ares até despejá-las de uma só vez em algum ponto da superfície terrestre.
     Esse ponto recebe uma quantidade absurda de água de uma só vez, o que pode ocorrer em qualquer lugar, seja em Teresópolis, no Morro do Bumba, em Niterói, em Alagoas, em Pernambuco ou em São Luis do Paraitinga (foto acima),  no interior de São Paulo. Ninguém está livre das trombas d'águas causadas pelos rios aéreos.
     
D. Lucy

   Presto aqui minha homenagem a esta que, junto com meu pai, e não apenas pelas palavras, mas pelo exemplo, me passou os princípios de honestidade e trabalho com que procuro reger a minha vida.
     Minha mãe, D. Lucy, foi incansável batalhadora pelos filhos e pelo lar, sem descuidar do seu trabalho. 
     Funcionária concursada da Câmara dos Deputados, onde atuou durante 30 anos, 15 dos quais como chefe das CPIs, no período mais obscuro da ditadura militar (enfrentando até bombas nos cofres onde guardava seus documentos), se equilibrava entre as disputas de Arena e MDB, num tempo em que a política significava um risco de vida.
     Feminista, sem deixar de ser feminina, D. Lucy sempre estimulou as mulheres da família a serem independentes dos homens e a lutarem por seus direitos.
     Obrigado, minha querida mãe, por todo seu carinho e dedicação. Seu exemplo continua passando para os meus filhos e netas que hoje convivem com você. Estou longe agora, mas sempre perto em pensamento.
     Um beijo para você, para minhas duas filhas que também são mães e a todas as mães desse mundo, que lutam por uma vida melhor para todos.
     
As 7 faces da política riocontense

     Como no antigo filme de George Pal, de 1964, as 7 faces do Dr. Lao, onde o circo de um chinês, o Dr. Lao, chega a uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos e através de ilusões começa a mostrar aos moradores suas próprias contradições, a política riocontense parece que é uma coisa, mais é outra.
     Fazendo um paralelo com o título do filme, poderíamos encontrar também as sete faces ilusórias que jogam na cena política, confundindo os eleitores.
     A face mais visível é a do lado conservador, coronelista, dos grupos herdeiros da ditadura militar, ex-integrantes da ARENA/PDS/PFL/DEM, que hoje correm para debaixo da asa do PT, integrando a base aliada através do PP ou do novo PSD.
     A segunda face, que se percebe depois de conviver um pouco na cidade, é a do grupismo de gente que se articula em pequenos grupos de interesse para garantir privilégios pessoais, se infiltrando em todos os partidos disponíveis, tomando legendas, buscando apoio de igrejas, clubes de futebol, associações de moradores, etc. e cuja lógica é muito simples: quando tomarmos o poder distribuiremos os benefícios entre nós e os que nos apoiarem, o que inclui promessas de emprego na pequena burocracia municipal.
     A terceira face é o PT local, que poderia ser um vetor de transformação, mas está preso nas malhas do interesse eleitoral de Guilherme Menezes, Prefeito de Vitória da Conquista, que ainda sonha em ser governador da Bahia e por isso quer controlar o máximo possível de diretórios do interior para garantir uma possível (mas muito pouco provável) indicação em convenção partidária.
      A quarta face é formada pelos dissidentes do PT, que tentam romper com a hegemonia do grupo de Guilherme, mas que não tem coragem de mostrar a cara e praticam o denuncismo clandestino, usando as redes sociais e todo tipo de boatos e insinuações, com vistas a atingir seus adversários, sejam do próprio PT ou das outras formações políticas.
     A quinta face é a da burguesia local, composta principalmente por comerciantes, que financia as campanhas, promovendo churrascadas e cervejadas milionárias, tentando influenciar os resultados das eleições (e com isso incentivando a corrupção eleitoral), mas que não conseguiu ainda um candidato que a represente, permanecendo oscilante entre os diversos grupos que se aventuram na política local. 
     A sexta é a corrupção dos próprios eleitores, que entram num estado de autêntico frenesi, quando as eleições se aproximam, numa excitação quase sexual, antevendo os prazeres e benefícios que obterão das disputas entre todos os que disputam os cargos, sejam em cargos públicos, sejam em pequenos presentes e favores, como telhas, filtros, consultas médicas, exames, cirurgias, etc.(e os candidatos médicos são os mais pródigos nisso), tudo pago com dinheiro das campanhas eleitorais.
     E a sétima é a de uma pequena classe média de extração urbana, consciente, que se desespera por não conseguir mudar nada disso e parte para campanhas moralistas que não surtem absolutamente nenhum efeito.
     É claro que isso nem sempre se mostra assim tão separadinho e evidente, mas tudo anda junto e misturado.
     O resultado desse quadro é o atraso, a corrupção e a pobreza renitente, que teimam em se manter num município de tantas potencialidades. Nada muda em Rio de Contas e nada vai mudar, enquanto seus cidadãos não mudarem suas práticas, num círculo vicioso que se retroalimenta.
     Como no filme, onde o Dr. Lao fazia as pessoas se darem conta das suas próprias idiossincrasias, as eleições em Rio de Contas se transformaram num triste circo de ilusões.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Rapidinhas

O ocaso das ditaduras árabes
     
     Síria segue os passos da Tunísia, do Egito, do Iemen e da Líbia.
     Ditadores (ou seus sucessores) que derrubaram antigas dinastias e tinham apoio de grande parte da população, baseados em partidos políticos de inspiração nacionalista e esquerdista, começam a ser contestados por uma juventude sedenta de democracia e de melhoria de vida, já que o espectro do colonialismo não os assombra mais.
     Os governos, desacostumados a lidar com aspirações legítimas da população, passam à repressão violenta, o que os leva a perder rapidamente apoio entre aqueles que eram a sua própria base de sustentação e a revolta se espalha, como fogo no canavial em dia de vento: incontrolável.
     Quanto mais reprimem, mais perdem apoio e, perdidos, acabam tendo que ceder e se retirar do poder.
     Uma situação que revela que os nacionalismos perderam seu sentido e que caminhamos para a criação de uma só grande nação humana na face deste sofrido planeta.


Notícia de incidente racista em Rio de Contas

     Recebi de uma amiga, pedido para divulgar denúncia de incidente de racismo ocorrido em Rio de Contas, durante uma festa em um restaurante da cidade. Como se trata de crime inafiançável, e como um blog deve se manter dentro da responsabilidade jornalística se quiser preservar sua credibilidade, optei por não divulgar a carta, em função de não haver conseguido ouvir a versão da pessoa acusada.
      Além disso, a pessoa que me pediu a divulgação tem um conflito de interesses com a família da denunciada, e temi que o blog pudesse estar sendo usado com fins políticos e pessoais. 
     Isso não me impede, no entanto, de deixar aqui registrada a minha indignação com este tipo de incidente, recorrente naquela sociedade ainda arcaica, e com a preocupação com que as autoridades competentes façam cumprir a lei.  
      Creio que o Movimento Negro local, tão incisivo em outras ocasiões, deveria se manifestar sobre o caso, até para que os meios de divulgação tenham uma base jurídica mais sólida para divulgar este tipo de desrespeito aos direitos humanos. 

Estranha comemoração

      Ninguém gostava desse sujeito, mentor do assassinato de milhares de pessoas inocentes ao redor do mundo, inclusive de muitos muçulmanos. Mas sair às ruas para comemorar a morte de uma pessoa, por pior que ela tenha sido, não me parece uma coisa muito cristã.
     A foto acima ilustra, no entanto, a comemoração pela morte de Osama Bin Laden, em frente à Casa Branca, em Washington, na noite de domingo, como se fosse um campeonato de futebol no Brasil.
     Será que os americanos não tem consciência de quantas pessoas eles mataram ao redor do mundo, inclusive milhões de civis inocentes, como no Japão e no Iraque?
     Se existe mesmo a tal Lei do Retorno, de que nos falava Chico Xavier, esse pobre espírito primitivo que em vida se chamou Osama Bin Laden terá de pagar caro por todas as atrocidades que cometeu, assim como George Bush, que matou muito mais e hoje se vangloria de ter começado a guerra ao terror.
     Isso vale também para a própria nação americana, que deverá receber de volta todo o mal que infligiu ao mundo "em nome da liberdade".
     Vale o comentário de que o corpo foi jogado ao mar, o que alimenta boatos de que tudo não passaria de um golpe publicitário para alavancar a popularidade Obama.
     Triste espetáculo.

Paula Fernandes

     Está interessante o novo CD de Paula Fernandes, gravado ao vivo. Ela dá um passeio por vários gêneros musicais, sem fazer concessões à qualidade, sempre destilando aquele timbre especial de voz.
     Divulgada numa novela global, Paula Fernandes vem trazer um sopro de vida à música regional brasileira,  sufocada pelo tsunami de porcarias que a própria Rede Globo lança sem parar, transformando nossos ouvidos em pinicos globais.
     Embora algumas faixas caiam na mesmice da música sertaneja, no geral ela dá um salto de qualidade no gênero.
     Vale a pena conferir.

O Potencial de Rio de Contas III

     Retornando à série sobre a possibilidade de criar um modelo econômico de desenvolvimento sustentável, baseado nos potenciais de Rio de Contas, pequena cidade da Chapada Diamantina, na Bahia, o terceiro ponto que eu queria destacar é o turismo. 
     Mas que turismo incentivar? 
     Um turismo que busca gente pra passar fim de semana bebendo e fazendo algazarra na cidade, sujando tudo, incomodando os moradores, e "consumindo" as paisagens da cidade, que vão registradas em fotos para enfeitar paredes ou fotologs da internet, deixando apenas sujeira e más recordações para trás?
     Um turismo só para ricos, que impeça a entrada de turistas de baixa renda, mas que continue sendo uma venda de paisagens bonitas e históricas, só beneficiando os donos de pousadas e restaurantes e tratando os habitantes como se fossem figurantes de um cenário exótico, cobrando deles que se mantenham atrasados e simples para o agrado de gente enfastiada do seu dia-a-dia urbano estressante?
     Nenhum dos dois me parece respeitar os moradores que vivem e trabalham na cidade.
     Creio que o turismo deve ser abrangente e interativo: explico. 
     Abrangente no sentido de beneficiar o máximo de pessoas, e não apenas meia dúzia de empresários, realmente se constituindo numa fonte de benefícios para a cidade. Para isso é preciso levar em conta as características geográficas e culturais do município, fazendo com que o fluxo de visitantes se distribua por todo o seu território.
     Creio que para isso seria preciso mapear as possíveis atrações e prepará-las para receber os visitantes.
     Por exemplo: 
     Se no baixio temos uma produção artesanal de cachaça, pode-se organizar excursões para visitar os alambiques, como os produtores de vinho fazem na serra gaúcha. 
     Se nos gerais temos uma produção importante de flores, porque não montar uma excursão para visitar as plantações de flores e comprar seus produtos, flores, mudas e sementes? 
     Se temos dois antigos quilombos, seria preciso pesquisar a história desses assentamentos e montar pequenos museus que pudessem ser visitados, além de uma feira de produtos locais que pudesse ser vendida aos turistas.     
     Temos também uma coisa única; uma comunidade remanescente indígena dentro da sede, que continua empobrecida e discriminada, cuja história poderia ser estudada e oferecida através de um museu específico, empregando membros dessa comunidade, gerando empregos para eles.
     Temos vários locais com histórias interessantes para serem contadas, como a da passagem da Coluna Prestes, além de todo um percurso da Estrada Real, ou do "Caminho da Bahia", como era conhecido este trecho das antigas estradas coloniais que ligavam Minas Gerais à Salvador, que precisam ser mapeadas, num trabalho conjunto com outros municípios baianos, que provocassem um fluxo contínuo de turistas, oferecendo atrações ao longo de seu percurso, como comidas típicas e produtos regionais.
     Além disso, temos todo um patrimônio ambiental e paisagístico que poderia ser muito melhor explorado se fossem criadas pequenas unidades de conservação em torno das principais cachoeiras e picos montanhosos, de forma a protegê-los e prepará-los para receber visitantes, não apenas turistas, mas também estudiosos da natureza, cientistas ou mesmo excursões de estudantes, em busca de educação ambiental.
     É claro que para isso precisaríamos resolver alguns problemas ambientais locais, principalmente o lixo, que continua sendo despejado num lixão, e os agrotóxicos, o investimento em meio ambiente andando junto com o esforço para construir um turismo sério.
     Além disso poderíamos promover alguns eventos anuais para atrair visitantes fora das temporadas, como festivais culturais (música, teatro, gastronomia, etc.) além de restabelecer o carnaval tradicional.
     Manter a cidade cheia não basta, é preciso oferecer atrativos de qualidade, distribuir benefícios por toda a população e principalmente, fazer com que o turista se adapte à cidade e não o contrário, como ocorre hoje, quando o habitante é obrigado a aturar todo tipo de desrespeito.
     O turista tem que se integrar temporariamente à cultura local e seu estilo de vida, ao invés de nos impor seus valores (ou sua falta de valores), daí a classificação de turismo interativo no sentido de dialogar com a população local.
     É claro que manter estradas vicinais e trilhas  limpas e policiadas, vai ajudar a atrair investimentos. Mais pousadas, inclusive em áreas rurais, vão fazer o dinheiro circular mais e atrair cada vez mais visitantes, criando um círculo virtuoso.
     Creio que com as três propostas que veiculei nessa e nas duas edições anteriores deste blog, atração de um campus universitário, desenvolvimento da agricultura orgânica e um turismo abrangente e interativo, teríamos um modelo de desenvolvimento para o município capaz de tirá-lo das últimas posições do IDH nacional e promover o bem-estar da sua população.
     É claro que falta clareza e vontade política das lideranças locais para implementar um plano como este, mas estamos vivendo um período de renovação que pode abrir espaço para alguém com visão suficientemente ampla para fugir do tradicional clientelismo e dos "grupos" que se revezam no poder, governando apenas em proveito próprio, abrindo caminho para a construção de políticas públicas dignas deste nome.